segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Contra a Obesidade

Obesidade e problemas de comportamento

Por Içami Tiba

O corpo humano é um reservatório de calorias. Não existe uma medida única de gasto diário de energia, pois ela depende de características pessoais, como biótipo, altura, peso, idade, condições hormonais, atividades, qualidade de sono, comportamentos, estados psicológicos, filosofia de vida, e de características ambientais como clima, temperatura, altitude, estações do ano, locais (praia, montanha).

O melhor controle para se conseguir um bom e saudável equilíbrio calórico é se pesar. Para isso, deve-se tomar alguns cuidados como: usar sempre a mesma balança e as mesmas roupas; pesar-se de preferência antes ou depois do banho diário, nas mesmas condições do dia e de alimentação. As pessoas que usam as próprias roupas como medidas só constatam alterações maiores do que 5% do seu peso ideal. O cinto é um acessório que só demonstra o perímetro abdominal, mas engorda-se também nos quadris, no peito e nos braços.

Chega-se ao peso pessoal ideal com a ajuda de um especialista. Uma pessoa só engorda se ingerir mais calorias do que gasta e emagrece se gastar mais do que come. É muito simples: comeu a mais? Engorda. Comeu a menos? Emagrece.

Geralmente os obesos se queixam que não sabem por que são gordos se comem tão pouquinho... Ora, se engordou é porque ingeriu. Não se cria caloria do nada. Pessoas sem tempo comem rapidamente “qualquer coisinha” no lugar de uma refeição saudável. Esta geralmente tem menos calorias e mais sais minerais e vitaminas, promovendo a saciedade, um dos ingredientes da saúde e da qualidade de vida. Quem come depressa não percebe o que comeu. O maior engano é sair de casa somente com um cafezinho para o trabalho ou para a escola, comer “qualquer coisa”, geralmente muito calórica, no meio da manhã e fazer apenas uma refeição (almoço ou janta) por dia. A soma destas calorias geralmente é maior do que o consumo diário de alguém que faz várias refeições.

O nosso cérebro está programado para a sobrevivência. O que se come em excesso, o cérebro manda o organismo acumular. O que se acumula de gordura comendo uma vez por dia não se consegue queimar em um dia.

O apreço aos sabores passa a ser desenvolvido desde os primeiros alimentos. Portanto, quando um nenê já começa a ser alimentado com comida saudável ele com certeza não será gordo. Pais adoram a figura clássica de um bebê feliz: rechonchudinho, bochechudinho, mãozinhas e pezinhos gordinhos, formando até furinhos nos lugares onde é impossível engordar... Pois este nenê, se assim continuar, será um obesinho e morrerá cedinho, bem antes do tempo acometido por uma série de doenças “evitáveis”: diabetes tipo 2, pressão alta, altas taxas de açúcar e gordura no sangue, entre outras.

Como psiquiatra, sempre ressalto que quem não aprende a comer de maneira saudável, além de morrer mais cedo, apresenta características comportamentais problemáticas - principalmente baixa tolerância às frustrações, atrapalhando a própria vida e a de todos à sua volta.

O comer saudável diz respeito a qualidade e quantidade dos alimentos e também à maneira de comer. Tudo o que fazemos obedece a um ritmo: ingerir (comer) as informações, transformá-las (digestão) em conhecimentos e praticá-las (desenvolver o corpo e as experiências de vida).

Quem mastiga bem dá tempo para o cérebro enviar mensagens para o tubo digestivo continuar trabalhando ou para parar de comer, quando há sensação de saciedade. Quem aprende a esperar e resolver situações no tempo certo melhora em tudo, desde comer até estudar, trabalhar e se relacionar com outras pessoas. Há pais que, ao satisfazerem imediatamente a criança nas suas mínimas vontades, não estão ensinando a mastigação e a digestão das recompensas, dos prêmios e da saúde mental. Esta se torna uma criança obesa em vontades, que parece que vai morrer se não for atendida imediatamente. Não aprende a esperar para falar, para fazer, para ouvir primeiro e depois falar. Enfim, torna-se uma criança mal educada.

Fonte: UOL Educação