quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Qualidade de Educação depende de investimentos

Seis dos dez Estados com pior qualidade de educação investem menos por aluno

Juliana Doretto
Especial para o UOL Educação
Em Brasília

Seis dos dez Estados com pior desempenho na educação pública têm os mais baixos investimentos por aluno no país. No ranking das dez redes estaduais com pior Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) nas séries iniciais (1ª a 4ª) e finais (5ª a 8ª) do ensino fundamental, seis têm também os menores custos anuais por estudante, segundo os números do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Todos estão nas regiões Norte e Nordeste.

De primeira a quarta séries do ensino fundamental, as escolas públicas estaduais de Alagoas, Bahia, Pará, Paraíba, Pernambuco e Piauí têm notas que vão de 3,2 a 3,9, numa escala até dez. De quinta a oitava, as notas vão de 2,7 a 3,4. Esses Estados tinham a previsão de gastar, em 2009, ano de referência para o Ideb, R$ 1.350,09, por aluno durante o ano letivo, nos primeiros anos e R$ 1.485,10 nos últimos.

Todos chegaram a esse valor, estabelecido como o mínimo pelo governo federal, apenas com complementação de verbas feita pela União. Neste ano, eles têm previsão de usar R$ 1.722,05 anuais no primeiro estágio do fundamental e R$ 1.894,25 por aluno por ano no segundo.

“Existe uma tendência de que mais recursos geram mais resultado. Os alunos das redes técnicas federais têm desempenho muito melhor no Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos] e no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio], mas o custo por aluno é de R$ 7 mil a R$ 8 mil. Se tivéssemos essa eficiência como um todo estaríamos melhor que EUA e França, por exemplo”, diz Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação. Ele explica que mais recursos não correspondem a uma melhor aprendizagem, mas é um pressuposto: “Só se faz uma casa se tiver material adequado para a construção.”

Luiz Araújo, ex-presidente do Inep, afirma que “mesmo que não possamos dizer que existe uma linha única entre Ideb e financiamento, há forte correlação, sendo mais forte na falta de recursos do que na presença”. Ele explica ainda que “fatores de gestão podem influenciar melhorias, o que significa melhor aplicação dos mesmos recursos”.

O custo por aluno no início do ensino fundamental é o valor que comanda, junto com o da pré-escola, a distribuição de recursos pelo MEC (Ministério da Educação), por meio do Fundeb. O investimento por estudante nas séries finais do fundamental e no ensino médio é calculado a partir desse valor, com fatores de ponderação.

O país tem um fundo para cada Estado e para o Distrito Federal, formado com recursos federais e impostos e transferências estaduais e municipais, vinculados à educação. O Fundeb recebe 20% do dinheiro que tem de ser destinado à área: os outros 5% (a Constituição exige investimento de 25% na área) são aplicados por cada Estado ou município. As cidades que têm arrecadação própria também investem mais. O custo por aluno é formado com o total arrecadado pelo fundo dividido pela quantidade de estudantes na educação básica das redes públicas de ensino e é repassado aos governos dos Estados e municípios.

Nordeste

Daniel Cara diz que, na região Nordeste, os números se explicam pelo número grande de matrículas e pela capacidade de arrecadação ruim. Uma exceção seria Sergipe, que tem uma rede estadual pequena e mais recursos, vindos, por exemplo, de empresas estatais, o que gera um custo por aluno de R$ 1.602,10 (2009) e R$ 1.966,53 (2011), no início do fundamental. Ainda assim, o Estado tem o quinto pior Ideb (3,7). Nas séries finais, os números são de R$ 1.762,31 (2009) e R$ 2.163,18 (2011) e nota de 2,7 (a pior nota, assim como em Alagoas).

Paulo Corbucci, pesquisador da área de educação do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, diz que os gastos são importantes, mas a realidade social e econômica dos estudantes também é. “Os Estados do Nordeste encabeçam a lista dos menores gastos e das piores condições socioeconômicas. O resultado do Ideb é o esperado”, completa. Por isso, ele sustenta que as políticas públicas educacionais têm de ser pensadas em conjunto com as de saúde, emprego e renda, segurança etc.

Entenda o Ideb

O Ideb, calculado pelo MEC (Ministério da Educação) é medido por meio de taxas de aprovação e média de desempenho dos estudantes em língua portuguesa e matemática. O Ideb 6 é considerado equivalente ao nível educacional médio dos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e a meta do MEC é que o país chegue a esse número até 2022.

O ministério não tem tabuladas as notas do Ideb por Estado levando em conta o desempenho das escolas municipais (que contemplam grande parte das matrículas das primeiras séries do ensino fundamental), apenas as das estaduais.


Investimento por aluno x Ideb (anos iniciais do fundamental)

Estado Urbanas/2009 (em R$) Urbanas/2011 (em R$) Ideb 2009 - rede estadual
BA 1.350,09 1.722,05 3,2
AL 1.350,09 1.722,05 3,3
RN 1.482,51 1.726,92 3,5
AP 2.072,72 2.434,07 3,6
SE 1.602,10 1.966,53 3,7
PA 1.350,09 1.722,05 3,7
PB 1.350,09 1.722,05 3,7
PI 1.350,09 1.722,05 3,8
PE 1.350,09 1.722,05 3,9
RJ 1.515,49 2.013,63 4
MA 1.350,09 1.722,05 4
RR 2.890,08 2.915,43 4,2
CE 1.350,09 1.722,05 4,2
MS 2.130,78 2.162,93 4,4
RO 1.732,65 1.998,57 4,4
AC 2.096,40 2.164,05 4,5
TO 2.007,57 2.165,61 4,5
AM 1.350,09 1.722,05 4,5
RS 2.012,29 1.824,46 4,8
MT 1.886,96 2.099,86 4,9
GO 1.653,95 2.048,66 4,9
ES 2.466,46 2.427,92 5
SC 1,796.48 2.135,31 5
PR 1 .580,84 1.780,97 5,2
SP 2.263,05 2.640,38 5,4
DF 2.102,79 2.284,83 5,4
MG 1.707,01 1.903,06 5,8

Investimento por aluno x Ideb (anos finais do fundamental)

Estado Urbanas/2009 (em R$) Urbanas/2011 (em R$) Ideb 2009 - rede estadual
AL 1.485,10 1.894,25 2,7
SE 1.762,31 2.163,18 2,7
BA 1.485,10 1.894,25 2,8
PB 1.485,10 1.894,25 2,8
RN 1.630,76 1.899,61 2,9
PE 1.485,10 1.894,25 3
PA 1.485,10 1.894,25 3,1
RJ 1.667,04 2.214,99 3,1
PI 1.485,10 1.894,25 3,4
RO 1.905,92 2.198,43 3,4
AM 1.485,10 1.894,25 3,6
CE 1.485,10 1.894,25 3,6
MA 1.485,10 1.894,25 3,6
GO 1.819,34 2.253,52 3,6
MS 2.343,86 2.379,22 3,6
AP 2.279,99 2.677,48 3,6
RR 3.179,09 3.206,98 3,7
RS 2.213,52 1.925,95 3,8
ES 2.713,11 2.670,71 3,8
TO 2.713,11 2.382,17 3,9
DF 2.313,06 2.513,31 3,9
PR 1.738,92 1.959,07 4,1
MG 1.877,71 2.093,36 4,1
AC 2.306,04 2.380,46 4,1
SC 1.976,12 2.348,85 4,2
MT 2.075,65 2.309,84 4,2
SP 2.489,35 2.904,41

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Prouni

Prouni abre inscrição para segunda etapa nesta 2ª

O Prouni (Programa Universidade para Todos) abre, nesta segunda-feira (21), as inscrições para a segunda etapa do programa. Agora, os candidatos que não conseguiram ser selecionados na primeira parte do programa ou não fizeram inscrição terão uma nova chance para obter bolsas de estudo no ensino superior. O prazo termina na quinta-feira (24).

Quem foi selecionado na primeira etapa não poderá concorrer novamente a bolsas, a não ser que tenha sido selecionado em um curso que não teve formação de turma. É possível escolher até três opções de curso e instituição.

As inscrições podem ser feitas pelo http://siteprouni.mec.gov.br/, informando o número de inscrição no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2010 e o número do CPF.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

2ª Romaria dos Vaqueiros



DIA 20 DE MARÇO DE 2011

CONCENTRAÇÃO NO POSTO Nossa Senhora dos Milagres

SAÍDA ÀS 07:30 HORAS

MISSA NO SANTUÁRIO ÀS 09:00 HORAS

ALMOÇO DO VAQUEIRO ÀS 12:00 HORAS

Compre sua CAMISETA, colabore com o SATUÁRIO DO LIMA.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Economia...

Vale tem o maior ganho na Bolsa em 2011, diz consultoria

Da Redação, em São Paulo

Apesar do mau começo de ano para a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), a Vale (VALE3 e VALE5) registrou crescimento de R$ 11,4 bilhões em valor de mercado ao longo de 2011, considerando o fechamento da última segunda-feira (14).

Este é o melhor desempenho em valor absoluto entre as empresas de capital aberto no Brasil, segundo levantamento da consultoria Economatica.

MAIORES ALTAS EM VALOR ABSOLUTO

Empresa 30/12/10* 14/02/11* Variação absoluta*
Vale 276,9 288,3 11,4 (4,1%)
Eletrobras 26,2 31,6 5,4 (20,8%)
Usiminas 20,0 23,3 3,3 (16,4%)
Valefert 8,4 11,7 3,2 (38,6%)
Tele Norte 6,5 8,3 1,7 (37,4%)
  • * Em bilhões de R$
  • Fonte: Economatica

Para fazer o estudo, a consultoria analisou o desempenho das ações de 312 empresas que tiveram ao menos uma negociação em dezembro do ano passado e entre os dias 14 de janeiro e 14 de fevereiro desde ano.

O valor de mercado é o preço de cada ação da empresa multiplicado pelo número de papéis em circulação, ou seja, representa o quanto um investidor pagaria se fosse possível comprar todas as ações da companhia.

No período analisado, o valor da Vale passou de R$ 276,9 bilhões (em dezembro) para R$ 288,3 bilhões (em 14 de fevereiro), alta de 4,1%. Como comparação, o Ibovespa (principal índice da Bolsa paulista) acumulou perda de 3,96%.

Em segundo lugar, vem a Eletrobras (ELET3 e ELET6) que passou de R$ 26,2 bilhões para R$ 31,6 bilhões, ganho de R$ 5,4 bilhões (alta de 20,8%).

Fonte: UOL Economia.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Paul Krugman

Paul Krugman

07/02/2011 - 10h55

Secas, inundações e alimentos

Estamos em meio a uma crise mundial de alimentos -- a segunda em três anos. Os preços mundiais dos alimentos bateram recordes em janeiro, propelidos pelas fortes altas nos preços do trigo, milho, açúcar e óleos. Essa disparada de preços exerceu efeito apenas modesto sobre a inflação dos Estados Unidos, que continua baixa sob os padrões históricos, mas tem impacto brutal sobre os pobres do planeta, que gastam a maior parte de, se não toda, sua renda na compra de alimentos básicos.

As consequências dessa crise alimentar vão bem além da economia. Afinal, a grande questão sobre os levantes contra regimes corruptos e opressivos do Oriente Médio não é tanto que eles estejam acontecendo, mas por que estão acontecendo agora. E não resta muita dúvida de que os preços extremamente altos da comida foram um dos gatilhos importantes para que a raiva do povo fosse deflagrada.

Assim, o que está por trás do salto nos preços? Os direitistas dos Estados Unidos (e os chineses) imputam a culpa à política monetária frouxa do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), e pelo menos um comentarista declarou que "Ben Bernanke tem sangue nas mãos". Enquanto isso, o presidente francês Nicolas Sarkozy atribui a culpa aos especuladores, acusando-os de "extorsão e pilhagem".

Mas as provas apontam para uma história diferente e muito mais ameaçadora. Embora diversos fatores tenham contribuído para a disparada nos preços dos alimentos, o que realmente se destaca é até que ponto eventos climáticos severos prejudicam a produção agrícola. E esses eventos climáticos severos são exatamente a espécie de coisa que devemos esperar com as mudanças que a concentração cada vez maior de gases causadores do efeito-estufa causa em nosso clima -- o que significa que a atual disparada no preço dos alimentos pode ser apenas o começo.

É preciso considerar que, em certa medida, a disparada nos preços dos alimentos é parte de um "boom" geral no preços das commodities: os preços de muitas matérias-primas, do alumínio ao zinco, vêm crescendo rapidamente desde o começo de 2009, em larga medida devido ao crescimento industrial rápido dos mercados emergentes.

Mas a conexão entre crescimento industrial e demanda é muito mais clara para, digamos, o cobre do que para os alimentos. Exceto nos países muito pobres, a alta na renda não exerce grande efeito na maneira de comer das pessoas.

É fato que o crescimento em países emergentes como a China leva a um consumo maior de carne bovina e portanto a uma demanda mais elevada por ração animal. Também é fato que as matérias-primas agrícolas, especialmente o algodão, disputam terras e outros recursos com as safras alimentícias -- e o mesmo pode ser afirmado sobre a produção subsidiada de álcool combustível, que consome muito milho. Com isso, tanto o crescimento econômico quanto políticas de energia incorretas exerceram certa influência sobre a alta nos preços dos alimentos.

Ainda assim, eles se mantiveram mais baixos que os preços de outras commodities até a metade do ano passado. E então o tempo começou a piorar.

Considere o caso do trigo, cujos preços quase dobraram desde a metade do ano passado. A causa imediata do salto nos preços do trigo é evidente: a produção mundial do cereal caiu acentuadamente. E a maior parte dessa perda de produção, de acordo com dados do Departamento da Agricultura norte-americano, ocorreu nos países da antiga União Soviética. E sabemos o motivo: uma onda recorde de calor e seca, que levou as temperaturas de Moscou acima dos 38 graus pela primeira vez na história.

O calor na Rússia foi apenas um dos muitos eventos climáticos extremos registrados recentemente, da seca no Brasil a inundações de proporções bíblicas na Austrália, e todos eles prejudicaram a produção mundial de alimentos.

A questão passa a ser, portanto, o que explica esse clima extremo.

Em certa medida, estamos diante dos resultados de um fenômeno natural, "La Niña" -- um evento periódico que surge quando as águas do Oceano Pacífico ficam abaixo de sua temperatura normal. E eventos "La Niña" estão historicamente associados a crises mundiais de alimentos, entre as quais a de 2007--2008.

Mas isso não explica tudo. Não se deixe enganar pela neve: 2010 empatou com 2005 como o ano mais quente de todos os tempos, ainda que tenhamos passado por um mínimo solar e "La Niña" tenha sido um fator de refrigeração na segunda metade do ano. Recordes de temperatura foram batidos não apenas na Rússia como em 19 outros países, que respondem por um quinto da área terrestre do planeta. E tanto secas quanto inundações são consequências naturais de um mundo em aquecimento: as secas surgem porque a temperatura está mais alta, e as inundações porque os oceanos aquecidos liberam mais vapor de água.

Como sempre, não se pode atribuir diretamente um evento climático aos gases do efeito-estufa. Mas o padrão que temos visto, com altas extremas e clima extremo se tornando mais comuns de modo generalizado, é exatamente o que se poderia esperar em uma situação de mudança climática.

Os suspeitos usuais, é claro, enlouquecem diante de quaisquer sugestões de que o aquecimento global tenha relação com a crise dos alimentos; aqueles que insistem em que Ben Bernanke tem sangue nas mãos tendem a ser mais ou menos as mesmas pessoas que insistem em que o consenso científico sobre o clima representa uma vasta conspiração de esquerda.

Mas os indícios de fato sugerem que o que estamos vendo agora é o primeiro sinal das perturbações econômicas e políticas que teremos de enfrentar em um planeta em aquecimento. E porque não conseguimos agir para limitar os gases causadores do efeito-estufa, esse tipo de coisa acontecerá com muito mais frequência, e com muito mais gravidade, no futuro.

TRADUÇÃO DE PAULO MIGLIACCI

Paul Krugman Paul Krugman, 57 anos, é prêmio Nobel de Economia (2008), colunista do "The New York Times" e professor na Universidade Princeton (EUA). Um dos mais renomados economistas da atualidade, é autor ou editor de 20 livros e tem mais de 200 artigos publicados

Fonte: UOL Economia.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Investimentos na Educação geram retorno

Cada R$ 1 gasto em educação gera R$ 1,85 no PIB

Pedro Peduzzi
Da Agência Brasil

Nenhum gasto público social contribui tanto para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) quanto os que são feitos em educação e saúde. Cada R$ 1 gasto com educação pública gera R$ 1,85 para o PIB. O mesmo valor gasto na saúde gera R$ 1,70.

“O gasto na educação não gera apenas conhecimento. Gera economia, já que ao pagar salário a professores aumenta-se o consumo, as vendas, os valores adicionados, salários, lucros, juros”, avalia o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão. “Portanto, a política social brasileira não apenas protege, como promove o cidadão”, completa.

Para a redução da desigualdade social, os gastos que apresentam maior retorno são aqueles feitos com o Bolsa Família, que geram R$ 2,25 de renda familiar para cada R$ 1 gasto com o benefício; e os benefícios de prestação continuada – destinados a idosos e portadores de deficiência cuja renda familiar per capita seja inferior a 25% do salário mínimo –, que geram R$ 2,20 para cada R$ 1 gasto.

Além disso, 56% desses gastos retornam ao caixa do Tesouro na forma de tributos. Os dados referem-se ao ano de 2006 e constam do estudo "Gasto com a Política Social: Alavanca para o Crescimento com Distribuição de Renda", divulgado nesta quinta-feira (3) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

De acordo com o órgão, é a primeira vez que um estudo como esse é feito no Brasil, em função da dificuldade de se juntar os elementos necessários para o desenvolvimento da pesquisa.

“Em termos gerais, ampliar em 1% do PIB os gastos sociais, na estrutura atual, redunda em 1,37% de crescimento do PIB. Ou seja, é o tipo de gasto que tem mais benefícios do que custo”, explica a técnica de Planejamento e Pesquisa do Ipea, Joana Mostafa.

Segundo ela, a renda das famílias é responsável por cerca de 80% do PIB. “Dessa forma, aumentar em 1% do PIB o gasto social gera 1,85% de crescimento da renda das famílias”, disse a pesquisadora. “No caso da saúde, além de esses gastos representarem empregos, envolvem também a aquisição de aparatos tecnológicos, o que também contribui para a demanda nas indústrias”, acrescentou.

Mostafa explica que a pesquisa leva em consideração os reflexos desses gastos no PIB e na renda familiar. “Para cada 1% a mais investido em educação e saúde, há um efeito multiplicador que aumenta em 1,78% o PIB e em 1,56% a renda das famílias”.

No caso do Bolsa Família, o aumento de 1% do que ele representa para o PIB resultaria no aumento de 1,44% do PIB. Mas, nesse caso, o mais significativo está relacionado ao fato de que, ao receber e usar esse benefício, o cidadão acabar gerando renda para outras famílias. “Cada R$ 1 gasto com esse programa gera R$ 2,25 em rendas familiares”, afirma a responsável pelo estudo.

O mesmo não pode ser dito dos gastos com exportações de commodities agrícolas e extrativas. “Apesar de agregarmos ao PIB 40% de cada real investido nessa área, os efeitos para a renda familiar são pequenos e limitados a R$ 1,04 para cada R$ 1 gasto”.

Como utiliza dados referentes a 2006, o estudo não mensura os reflexos das ações recentes do governo em favor do setor da construção civil. “O que podemos dizer é que, em 2006, os gastos com construção civil pouco contribuíram para a redução das desigualdades sociais. Isso certamente terá um quadro diferenciado quando agregarmos dados de 2009 a uma nova pesquisa, porque certamente houve aumento do número de empregos formais”, justifica Abrahão.

O estudo considera como gastos públicos sociais os feitos em Previdência Social geral e pública, educação, saúde, assistência social, trabalho e renda, desenvolvimento agrário, saneamento básico, habitação e urbanismo – nos âmbitos federal, estadual e municipal.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ensino Fundamental Brasileiro

No ensino fundamental brasileiro, 23 em cada 100 estudantes estão atrasados

Carolina Vilaverde
Simone Harnik
Da Redação do Todos Pela Educação*

No ensino fundamental brasileiro, 23 a cada 100 estudantes estão atrasados nos estudos. No ensino médio, etapa final da educação násica, o cenário é ainda pior: 34 a cada 100 estudantes sofreram defasagem ao longo da vida escolar. Os dados foram fornecidos pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) ao movimento Todos Pela Educação, e se referem ao ano de 2009.

A distorção idade-série pode ocorrer quando a criança entra atrasada no sistema de ensino ou ainda quando abandona os estudos e retoma. Mas, segundo o professor da FE-USP (Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo) Ocimar Munhoz Alavarse, o atraso escolar pode ser explicado em boa medida pela reprovação.

“O único percentual aceitável para a distorção idade-série é 0%. O ideal seria que ninguém reprovasse. Todas as crianças deveriam estar oito ou nove anos no Ensino Fundamental”, afirma. “As altas taxas de reprovação e de repetência não estão produzindo os efeitos de aprendizagem esperados.”

Para a professora Inês de Almeida, da Faculdade de Educação da UnB (Universidade de Brasília), o processo ensino-aprendizagem é complexo e não pode se resumir apenas à reprovação por notas.

“Ao longo do tempo que esse aluno está na escola, o professor tem oportunidade de conhecê-lo em sua dimensão de sujeito humano e, portanto, pode acompanhá-lo, sabendo de suas fragilidades pessoais, familiares, cognitivas e de domínio de conteúdos. O professor precisa estar atento para que dê a essa criança condições de chegar ao resultado final, mas para que o processo não seja determinado apenas por provinhas”, diz.

Desigualdades regionais

No Pará, o atraso escolar atinge 38 a cada 100 estudantes do ensino fundamental. Nos estados das regiões Norte e Nordeste o atraso escolar tem, em geral, se mostrado maior do que nas demais regiões.

Confira abaixo a taxa de distorção idade-série por Estado:

Região Norte - Distorção idade-série (em %)

1ª a 4ª série
1º ao 5º ano
5ª a 8ª série
6º ao 9º ano
Fundamental Médio
AC 26,9 26,4 26,7 33
AM 27 43,8 33,9 49,7
AP 23,6 27,8 25,3 41,9
PA 36,6 41,5 38,5 57,4
RO 18,7 31,5 24,6 29,9
RR 16,3 27 21 23,6
TO 17 28,1 22 33,2

Região Nordeste - Distorção idade-série (em %)

1ª a 4ª série
1º ao 5º ano
5ª a 8ª série
6º ao 9º ano
Fundamental Médio
AL 26 43,9 34,1 47,2
BA 31,4 42,9 36,4 47,9
CE 21 29,5 24,8 34
MA 25,1 35,6 29,4 45,5
PB 27,7 38,6 32,4 40,1
PE 23,9 37 30 48,4
PI 30,6 37,4 33,4 54,8
RN 22,5 37,8 29,3 43,6
SE 30,7 43 36 47,1

Região Centro-Oeste - Distorção idade-série (em %)

1ª a 4ª série
1º ao 5º ano
5ª a 8ª série
6º ao 9º ano
Fundamental Médio
DF 11,9 27,4 18,7 29,9
GO 16,3 28 21,8 34,6
MS 19,3 31,3 24,6 30,7
MT 15,4 27,3 20,9 37,3

Região Sudeste - Distorção idade-série (em %)

1ª a 4ª série
1º ao 5º ano
5ª a 8ª série
6º ao 9º ano
Fundamental Médio
ES 16,6 27,1 21,5 27,5
MG 13,1 28,5 20,2 31
RJ 22,3 35,6 28,4 45,9
SP 4,8 12,2 8,3 17,3

Região Sudeste - Distorção idade-série (em %)

1ª a 4ª série
1º ao 5º ano
5ª a 8ª série
6º ao 9º ano
Fundamental Médio
PR 8 23,2 15,4 25,5
RS 16 29 22,2 32
SC 10,6 19,4 15 16,7

* O “Todos Pela Educação” é um movimento financiado exclusivamente pela iniciativa privada e congrega sociedade civil organizada, educadores e gestores públicos. O objetivo é contribuir para que o Brasil garanta a todas as crianças e jovens o direito à educação básica de qualidade.

Fonte: UOL Educação.